Estamos na semana da amamentação e a nossa Nutricionista Renata Soares traz algumas informações sobre a importância da amamentação na vida do bebê.
“Amamentar é muito mais que alimentar uma criança. O leite materno é o primeiro contato das crianças pequenas com uma comida de verdade e o período da amamentação é especial, cercado de afeto e cuidado.”
Os dois primeiros anos de vida são os mais decisivos para o crescimento e desenvolvimento da criança, com repercussões ao longo de toda a vida do indivíduo. A amamentação nesse período pode prevenir o aparecimento de várias doenças na vida adulta como: obesidade, diabetes, hipertensão. Além disso, o leite materno protege o bebê contra diversas doenças como diarreias, infecções respiratórias e alergias.
Amamentar favorece o desenvolvimento físico, emocional e intelectual. Os movimentos que a criança faz para retirar o leite do peito ajudarão a criança a não ter problemas de respiração, mastigação, fala, alinhamento dos dentes e, também, aprender a engolir.
Recomendações
A recomendação atual é que a criança seja amamentada já na primeira hora de vida e por 2 anos ou mais, dependendo do interesse da mãe e da criança. Nos primeiros 6 meses, a recomendação é que ela receba somente leite materno – amamentação exclusiva. O bebê não necessita de nenhum outro tipo de alimento, sejam eles líquidos ou sólidos. Mesmo em regiões secas e quentes, não é necessário oferecer água às crianças com essa idade, pois o leite possui toda a água necessária para a hidratação deles. É comum que eles queiram mamar com mais frequência, para matar a sede.
A oferta de outros alimentos antes dos 6 meses, além de desnecessária, pode ser prejudicial, porque prejudica a absorção de nutrientes importantes existentes no leite materno, como o ferro e o zinco e aumenta o risco de doenças.
Quais os benefícios para a mãe?
Reduz as chances de desenvolver, no futuro, câncer de mama, de ovário e de útero e também diabetes tipo 2.
Promove o vínculo afetivo entre mãe e filho: A amamentação é um ato de interação profunda, com muitas trocas de calor, cheiros, sons, olhares e toques, num contato íntimo entre ambos.
OBS: Se, por algum motivo, você não pode amamentar, está tudo bem! Nosso papel como profissional da área de saúde é incentivar e orientar todos os benefícios da amamentação. Então, as informações são para você que pode amamentar, que tem leite suficiente, mas que muitas vezes fica na dúvida se realmente vale a pena ou acredita que não faz mal nenhum dar uma fórmula laboratorial.
O que precisamos fazer para amamentar?
Comer em equilíbrio, dando preferência para os alimentos naturais. Lembrar do lema: descascar mais e desembalar menos. Evite frituras, gorduras vegetais hidrogenadas, industrializados, ultraprocessados, refrigerantes, sucos de caixinha, etc. Além disso, a mãe precisa, em média, 500kcal a mais por dia.
Não existe comprovação de que alguma comida ou bebida aumente ou reduza a produção de leite materno. A única coisa que aumenta a produção de leite é: beber muita água e deixar o bebê mamar em livre demanda.
Pode beber café, mas em pequenas quantidades. Alguns estudos demonstram que o bebê tem dificuldade em metabolizar a cafeína e que mesmo a pouca quantidade excretada no leite materno pode deixá-lo mais agitado ou com a absorção de nutrientes prejudicada. Então, beba no máximo 3 doses de café por dia, lembrando que a cafeína está presente no chimarrão, em alguns chás, refrigerantes e chocolates!
A mãe que consome álcool regularmente deve ser orientada a observar a criança em relação a possíveis efeitos colaterais, tais como alteração no padrão alimentar, hábitos de sono, agitação, tônus muscular e distúrbios gastrointestinais. O consumo de álcool deve ser esporádico e não um hábito diário. Sendo assim, temos algumas atitudes aconselháveis:
Amamentar antes de beber (e dependendo da demanda do bebê – extrair leite para oferecer durante o intervalo);
Não é necessário extrair leite para “retirar” o álcool. Ele é excretado pelo organismo;
Esperar um intervalo médio de 2h30 após a ingestão de uma dose alcoólica para amamentar.
A cólica infantil se caracteriza pelo choro intenso e usualmente ocorre a partir de 6 semanas de vida. Habitualmente, ela costuma ser resolvida espontaneamente entre 3 e 6 meses. Como prática geral, não se recomenda excluir alimentos consumidos pela mãe durante o período de amamentação. Entretanto, ela deve ficar atenta se perceber que a cólica aparece ou piora nos dias em que ela consome um determinado alimento. Nesse caso, é muito importante procurar profissionais de saúde para ajudarem a lidar com a situação.
A criança em amamentação exclusiva pode ter alergia a alguns alimentos consumidos pela mãe. O mais comum é o leite de vaca, mas outros alimentos também podem causar alergia. Presença de sangue nas fezes, refluxo e irritabilidade são alguns dos sinais de alergia na criança. Nesses casos, o mais importante é procurar o médico para o devido diagnóstico e tratamento. Se a alergia for confirmada, a mulher não precisa suspender a amamentação. O tratamento consiste em retirar da dieta da mãe o alimento que supostamente está causando a alergia.
Todo leite materno é de boa qualidade, independentemente do seu aspecto, possuindo calorias, gorduras, proteínas, vitaminas, água e outros nutrientes essenciais na dose certa para o crescimento e o desenvolvimento adequado das crianças. O leite materno nunca é fraco.
Meu conselho é: se alguém te indicar uma lata de leite artificial, busque antes um banco de leite. Veja se a pega está correta, veja se algo está interferindo na livre demanda.
Peito é fábrica. Não estoque. Sempre vai produzir, enquanto houver demanda!
Não dê chupeta. Enquanto ele usa a chupeta, não tem estímulo no peito para produção de leite!
Confira se a pega está correta. O bebê precisa estar mamando corretamente para esvaziar toda a mama e estimular a produção.
Busque apoio da família toda. É lógico que só a mãe poderá amamentar, mas a família pode ajudar dando apoio nos afazeres domésticos, espalhando garrafas de água pela casa, colocando o bebê para arrotar, ficando com o bebê para a mãe descansar entre as mamadas. É importante que a família conheça as dificuldades e respeite a necessidade da amamentação exclusiva.
E, por último, relaxe! Muita gente confunde produção com ejeção do leite. Às vezes o estresse impede a descida e saída do leite. Mas ele está lá, só precisa de uma dose de ocitocina para ser liberado.